terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Dançar na rua --- Marina Ferraz


Deixa-me dançar na rua, ao som do infinito e na solidão das pessoas cujos rostos não me marcaram a vida e cujos nomes não sei.
Quero dançar.
Quero dançar mesmo que o faça com passos desleixados e que não gostes de me ver fazê-los, vez após vez, numa coreografia despida de sentido.
Hoje é por mim.
Deixa-me dançar na rua, ao som de uma vida de promessas irreais e de uma realidade fria e crua, que promete eternidades de vazio.
Quero dançar com o vento. Essa dança milenar que percorreu o mundo e ancorou na alma de quem sabe que existe uma música constante nos ecos da nossa dor.
Deixa-me dançar. Deixa-me dançar uma valsa de sentidos, enquanto o mar brame e o céu chora e as pessoas passam sem notar.
O que importa? O que importa uma alma cheia de sonhos numa vida vazia de tudo? O que importa uma voz doce entre os silêncios do amor?
Vou dançar na rua. Como se o mundo acabasse amanhã e eu tivesse medo do que vem depois. Porque eu tenho medo! Medo da ausência e do silêncio e da desistência e do adeus...
Mas não tenho medo de dançar na rua. Nem tenho vergonha de o fazer...
Por isso, deixa-me dançar na rua, enquanto não puderem prometer-me que não preciso de ter medo da ausência, do silêncio ou do adeus. Deixa-me dançar na rua até alguém dançar comigo uma dança rumo à eternidade de um amor maior. Uma dança rumo à concretização de cada sonho.
Deixa-me dançar na rua...

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