segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Marcely Pieroni Gastaldi

Ele me perdia gradativamente a cada dia e não se dava conta. Na cabeça dele eu estaria ali para sempre, segurando a onda e me fazendo de boazinha quando ele precisasse de um colo quente para desabar. Ele não entendia a minha necessidade maluca de viver intensamente cada segundo. Não conseguia compreender as razões que me fazia voar alto. Não entendia como eu era capaz de nutrir minha fé mesmo estando ali, naquele enredo carnavalesco inapropriado para quem quer construir alguma história. Não dava. Consideração e carinho também tem limites e ele não enxergava isso. Pra ele a ingenuidade me faria ficar ali, contando estrelas e desenhando corações soltos pelo ar. Ele me perdia por ser inconstante, por ser imaturo, por ser inconsequente. Me perdia por não perceber nos pequenos gestos o quanto lhe era dado. Me perdia por ser incapaz de ser alguém. Me perdeu, não viu, não sentiu. Talvez nunca entenda.

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