domingo, 21 de junho de 2015

(Gustavo Lacombe)

"Tô indo embora hoje. Dando adeus pra mim, pros meus medos e pra tudo que eu receio. E não é que eu não tema mais nada, só não posso continuar amarrado pra sempre. Então, tô aqui me declarando e fugindo dessa versão burra de mim. Abre a porta: minha fuga só termina na sua Vida. Bato aí de mala e cuia, desejo e sonho, loucura e vontade. Já não posso mais levar meus sentimentos para morrerem à margem de toda a ilha de pavor em viver tudo isso. Por fim - e até que enfim, entendi que é preciso coragem para se deixar abraçar e sentir os pés descolarem o chão. E se eu for considerar o tanto que me você me faz voar, pode largar a porta trancada mesmo. Abre a janela. Eu tô fugindo pra tua Vida, repito. Quantas vezes, nesse cafés, bares e afins espalhados pelo Mundo, eu já não travei meus pensamentos ao ver teu sorriso brotar em minhas memórias? E, pior, quantas vezes, lado a lado contigo, fingi e escondi toda a gritaria que você me causa? Perdi a conta. Eu, bobo, querendo me deixar iluminar por ti como uma árvore de Natal, apagava nosso brilho. Não dá mais. Tô indo embora desse lugar que atravanca meu riso e te mantém longe de mim. Sei onde quero chegar e pode escancarar a porta, a janela, o abraço e o coração. Tô chegando, finalmente, pra ficar."

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