quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Este dom

Quem és tu que me dás este dom
de sair de mim sem me perder,
de me rever no que nem pude encontrar?

Quem és tu, que fazes ver sem visão,
e inalar perfumes que nunca senti,
viajar sem me perder por terras desconhecidas,
viver momentos e ver imagens por acontecer?

Quem és tu que colocas em mim a palavra
e ensinas-me a dela tirar o sentir,
como se tudo fosse eu, e nada fosse também?

Quem és tu, terreno, etéreo, tangível, insensatez,
que me transformas num turbilhão
e fazes-me imaginar o até aqui inimaginável?
Não sei quando vens, nem sei quando vais,
quando me chegas agarro-te sôfrega,
mergulho-me em ti, inteiramente,
para não te deixar daqui fugir.
Trazes pincéis e tintas de todas as cores,
e vontade de ver o mundo desnudo,
se vestir, depressa ou devagar, ante meus olhos.
Quem és tu, que me dás este dom?
Setembro 2001
Carla Marisa Pereira

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