Insisto em acreditar que jamais seremos donos de nosso nariz. Talvez sejamos como folhas de outono que não controlam a direção do vento - e algumas vezes nossas intenções não bastam para o resultado final.
A vida impõe pausas. Dá freadas bruscas no meio do caminho e, com sorte, nos permite reavaliar a rota, o trajeto, o cuidado com o equipamento.
Podemos querer muito alguma coisa, mas isso não garante que seja nossa. Podemos desejar muito um momento, mas isso não o torna possível.
A perfeição das coisas, dos dias, dos acontecimentos… não nos pertence. Tudo faz parte de uma trama maior, na qual estamos inseridos, como linhas coloridas que se entrelaçam formando a tecelagem. Temos intenções, supomos nossas direções, conduzimos a ponta de nossas “agulhas”, mas o desenho final pode ser diferente daquele que imaginamos.
É preciso planejar sem grandes expectativas; acreditar, perdoando se não for possível; sonhar, somando esperança com otimismo; arriscar, sem culpa ou arrependimento.
Entender, acima de tudo, que não somos culpados pelo acaso, por aquilo que não controlamos, por ventos súbitos que mudam nossa direção. Além disso, nunca é o bastante lembrar que amor não se cobra, e com saúde não se brinca.
Então perdoe-se quando for menos amado do que gostaria e permita-se um pouco de repouso - sombra e água fresca - de vez em quando.
Pausas são necessárias, e uma hora você irá perceber que foi importante ter o freio de mão puxado, a rota desviada, a tecelagem desorganizada.
E simplesmente agradecerá por estar vivo - em segurança, em paz. Curtindo seus dias de outono, enquanto o inverno não vem…
— Fabíola Simões
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